domingo, 6 de junho de 2010

Era um dia comum como todos os outros, eu estava linda e minha filha radiante. O sol brilhava alegremente, enquanto caminhávamos ao redor de nossa calma vizinhança. Até que algo me chamou atenção. Caminhei mais depressa e meus olhos não conseguiam não acompanhá-lo. Ele era formoso, e gracioso, mas nunca tinha o visto por ali. Aproximei-me calmamente até que minha filha me interrompeu ao berrar o meu nome:
- Mamãe! O que está fazendo?
- Calada Penélope!
- O que você está vendo mamãe?
- Não te interessa Penélope. Agora fique quieta! – Penélope zangou-se, mas obedeceu meu comando.
Ele se virou lentamente para tentar ouvir os sussurros, continuei o olhando em silencio, apreciando todos os simples movimentos. Meus olhos o seguiam, não o deixava um minuto sequer. Meus cachos dourados deslizavam em meus ombros enquanto o observava sua perfeição. Levantei minha cabeça e deixei que me visse só por alguns instantes, enquanto me aproximava para tocar-lo e tentar sentir o seu cheiro.  
- Anne? Mãe? Aonde você vai? – Penélope se apavorou, e segurou firme em meus braços – Por favor, não me deixe só!
- Eu já volto filha, não se preocupe. Eu ficarei bem – sorri tentando tranqüilizada, sabia muito bem o que estava fazendo. E que tudo isso, mudaria o resto da minha vida.
Continue caminhando, firme em meus passos e ao mesmo tempo, tão insegura e nervosa. Fechei meus olhos lentamente tentei respirar, mas me faltou ar. Deixei-me sentir o vento suave que beijava o meu rosto, sentir o cheiro que contagiava o ambiente, e me deixar envolver por um sentimento que nunca havia sentido antes. Respirei fundo e dei mais um passo a frente, o homem até então misterioso com seus cabelos negros um pouco grisalhos, se virou em minha direção e pude ver mais uma vez o seu sorriso que tinha o brilho das estrelas enquanto me pegava em seus braços me deixando protegida como nunca mais tinha me sentido.
- Pai! - Pronunciei essas palavras engasgadas em minha garganta há tantos anos enquanto as lágrimas rolavam em meu rosto e sentia mais uma vez o seu cheiro – Eu te esperei por tantos anos...
- Agora, eu estou aqui filhinha, e só isso importa! Eu amo você!
Ficamos ali, abraçados por um longo tempo, mas ao mesmo tempo, tão curto para matar a saudade e esquecer as mágoas que o passado deixou. Para curar as feridas que doíam todos os dias, para afogar as lagrimas que rolavam todos os dias e que foram deixadas pra trás a partir desse dia que mudou o resto de minha existência quando voltei para os braços do pai.

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