sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dia típico de uma tarde de primavera, foi assim que começou o meu dia de hoje. As folhas e as flores acordaram sorrindo para mim, tentando animar-me para com que eu seguisse minha jornada sorrindo.  Desci as escadas da minha casa, ouvindo sons de gritos de raiva, reclamações e ira. Havia malas e mais malas prontas no corredor que levava até a sala de minha casa. Ouvi mais uma vez o discurso que ouvia desde criança e que gelava minha alma todas as vezes que tinha que passar pela mesma situação.  Meus pais estavam se separando, e dessa vez era sério. Minha mãe queria que eu fosse junto a ela para a Irlanda. Abandonando meu pai, meus amigos... Deixasse tudo para trás. Esquecesse-se de minha vida aqui. Peguei a chave do meu carro, e corri até ele enquanto minha mãe gritava comigo mandando para que eu voltasse para casa e arrumasse minhas coisas.  Fugir: Era isso que eu só pensava neste momento. Fugir para longe daquilo que me fazia mal, e encontrar refugio naquele em que eu podia confiar. Dirigi até alguns quarteirões dali, e pude encontrar abrigo debaixo de uma arvore antiga, com grandes folhas verdes e de um grande abraço quente e macio. Deixei com que minhas lágrimas de ódio e rancor molhassem o blusão já amarelado de meu grande amigo. Ele fez com que minhas lágrimas secassem e beijou-me a testa e pronunciou a frase que eu desejava que fosse verdade, enquanto eu o envolvia com meus braços finos e trêmulos: Tudo vai ficar bem Mel. Desejei profundamente que estivesse, porque sem ele nada era possível.  E eu fiquei ali por um longo tempo, chorando baixinho até que me desmanchasse em lágrimas. Ele me conduziu até dentro de casa, quase adormecida em seus braços, desfeita, desiludida, e lamentando a crueldade da vida. Adormeci em seus braços mais uma vez, como em todas as outras vezes que essa situação se repetiu. Adormeci, adoeci... Assim passei o resto dos meus dias no meu país: Doente de saudades, de desejo de permanecer. Temia ter que despedir de alguém que era mais que o meu melhor amigo. Sim, eu era apaixonada por ele. E por mais que ele prometesse ser fiel a mim, meu coração implorava para que eu permanecesse junto a ele. Depois de muito tempo, de longas noites sem dormir, em pensar que eu teria que me despedir de tudo aquilo que eu havia pensado que era meu futuro, minha mãe finalmente percebeu que aquele era o meu lugar. Depois de longos dias de cama, voltei a sorrir quando ela mais uma vez se reconciliou com meu pai. Temia que o destino fosse me levar para outro caminho daquele que eu havia escolhido para mim. Tinha medo de que tudo isso fosse em vão, e teria que escrever minha vida em outro lugar. Mas hoje, descobri que não. Que esse lugar, é o meu lugar. E que meu melhor amigo, é o homem da minha vida. 

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