quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Férias!


Nunca pensei que tudo aconteceria tão rápido da forma que aconteceu. Os segundos voaram diante dos meus olhos sem eu nem perceber. Vi que dali pra frente não haveria mais ninguém para me auxiliar. Era só eu e ela... E várias outras pessoas que naquele momento não me ajudavam em nada. Percebi que esse era o momento decisivo, que minha vida ia mudar dali em diante.
Foi numa tarde, eu voltava das minhas compras. Estava lendo o jornal, tranquila sem imaginar mais nada, só pensando no que o futuro havia me reservado. Estava voltando dos correios, acabara de receber uma carta da minha família, minha mãe estava bem, e minha irmã ainda estava conseguindo manter a farsa.  Rodei por mais algumas horas na cidade, tentando achar o misterioso endereço da mascara, mas não encontrei nenhum endereço correspondente. Senti uma enorme saudade de casa naquele instante. Sorri para mim mesma tentando me conformar que daqui para frente, eu seria livre, mesmo que houvesse sacrifícios. Eu precisava crescer. Achar a mim mesma, tentar me descobrir... Porque por anos, nunca tinha sido reconhecida, nunca tinha sido eu mesma. Por anos vivi a vida de alguém diferente de mim, até que finalmente abri os olhos para olhar para dentro de mim mesma.
Até que senti um arrepio, algo que mexia com o fundo da minha alma, como se me puxasse e me envolvesse cada vez mais. Olhei ao redor, e vi uma confusão, ouvi gritos e corri em direção a eles.
Não tive medo de enfrentar o perigo, por um momento, não pensei em mais nada. Ouvi o barulho ecoante de uma freada, e conseguir ver alguém estendida no chão. O seu sangue escoava pela sarjeta, enquanto eu tentava de alguma forma animá-la.
Nunca pensei que tudo aconteceria tão rápido da forma que aconteceu. Os segundos voaram diante dos meus olhos sem eu nem perceber. Vi que dali pra frente não haveria mais ninguém para me auxiliar. Era só eu e ela... E várias outras pessoas que naquele momento não me ajudavam em nada. Percebi que esse era o momento decisivo, que minha vida ia mudar dali em diante.
Tudo que havia aprendido na faculdade era verdade, mas nada comparado à realidade de estar sozinha com a vida de alguém nas mãos. Olhei seu rosto fixamente, seus traços e sua maquiagem lembrava uma típica mulher indiana e era como se essa mulher estivesse dormindo em meus braços, enquanto se desfalecia. Implorei para que vivesse, torci para que meus anos na faculdade de medicina não tivessem sido em vão. Aquela mulher seria o símbolo do renascimento, o símbolo da vida.
Enfim a ambulância chegou, temia que fosse tarde demais. Eu permaneci com a mulher misteriosa. Não queria abandoná-la, não queria deixa-la sozinha. Apesar de minha nova profissão exigir frieza, ainda havia um coração pulsando em meu peito. Nesse momento ele ordenou que estivesse junto a ela.
No dia seguinte, percebi o que nunca havia sonhado pra mim. Eu tinha virado noticia, heroína tanto em Paris quanto no Brasil: Brasileira salva jovem Indiana da morte. Estava em todos os jornais, meu gesto de compaixão e bravura foi reconhecido por todos. 
Então, depois dessa noite no hospital, eu percebi que devo obedecer o meu destino com vontade permanecer junto a ela até que ela abra os olhos novamente para o mundo, e eu devo seguir o meu destino trilhando o que ele havia reservado para mim

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