quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

17 de Julho

Caro Cavalheiro
Tenho que lhe confessar algumas coisas quem me vem em mente quando fico pensando em você. Lembro-me das noites que estive sozinha em minha casa e quando eu era abandonada por quem me jurou consolo. Mas você, sempre esteve ali, quando eu finalmente abri os meus olhos para o amor verdadeiro, para a doce melodia que deixava o piano enquanto você tocava suavemente suas teclas com seus dedos jovens e triviais.
Ainda tenho em minha mente a imagem do piano. Ah o piano. Seus dedos deslizavam em suas teclas assim como deslizaram no meu corpo naquela mesma noite. Seus olhos me fitavam de um jeito diferente de muitas das outras vezes que estivemos na mesma situação. Conseguia até ver seus pensamentos saltitando em sua mente só de olhar em seus olhos cor de mel.
Respirei fundo, senti o cheiro de sua pele que insistia em me tocar. Provamos do doce e venenoso gosto do pecado, sentimo-nos unidos em um só corpo, no desejo ardente, insano e insaciável.
Recordo-me do cálice de vinho, em que finalmente consumiria o meu veneno. Entretanto, confesso que não tive a coragem. Não consegui congelar meu coração que naquele dia estava em chamas. Então, lembro-me que estirei o cálice no chão e me entreguei em seus braços e te beijei como se fosse o único homem da terra.
Sabe, confesso que eu já estive muitas vezes naquela mesma situação, mas daquela vez havia sido diferente. E podia sentir o seu coração bater junto ao meu, sentir a chuva que molhando nossos corpos enquanto você me enlaçava em seus braços, enquanto o céu se enchia de cores e podíamos ouvir o som dos trovões.
Eu juro que se precisasse beber aquele cálice amargo e venenoso, eu o faria. Beberia até a ultima gota, e tiraria a minha vida ao invés da sua. Pois tu foste o único que fez com que eu me sentisse uma mulher.
Agora, eu tenho que me despedir, chegou minha hora. Mas eu e espero que envolva em suas mãos esta carta que escrevo á e me olhe pela última vez com seus olhos brilhantes e penetrantes, quando as conseqüências de nossos atos caírem em nossas cabeças com a lâmina espessa, brilhante da guilhotina.
Serei para sempre sua independente de qualquer temporal, se assim os séculos nos permitirem

 De sua pecaminosa amante
Rainha Elizabeth

17 de julho de 1856

Mensagem Secreta: Eu nunca desejei meu Senhor da mesma forma que anseio seu amor. Juro que quem provará a morte será ele, se depender de mim. 

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