sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Memories parte 2

Quando abri os olhos, me deparei com tudo o que eu não esperava ver. Pensei que estivesse no céu, ou em algum lugar bom, que eu não merecia estar. Tudo estava branco, e um silêncio absoluto. Me assustei... Não queria estar morto, mas ao mesmo tempo, não queria estar vivo, já que a vida não fazia mais sentido depois de minha prisão. “Onde eu estou?” era a única coisa que eu me perguntava repetidamente enquanto uma seqüência estranha de números continuava em minha mente.
- Madison! Cadê a Madison?! – berrei o mais alto que pude. Eu não me lembrava de mais nada, apenas daquele dia pavoroso... Que eu queria esquecer – Cadê a Madison, por favor! Cadê o meu filho? Onde eles estão?
A minha voz fazia eco dentro da sala vazia, clara e estranha. Eu me senti acuado, como um bicho dentro de uma jaula, onde me vigiavam a todo tempo. Havia câmeras para todos os lados. Enquanto gritava desesperadamente: “ME TIREM DAQUI!”
Eu ainda estava tonto, talvez, por causa de tanta adrenalina. Continuava ali, sem ninguém. Me levantei depressa e comecei a tatear as paredes. Foi ai que senti uma dezena de fios que se prendiam em meu peito, que pareciam me monitorar, noite e dia. “Mas é claro, um hospital! Como não havia pensado nisso antes?”
Comecei a desprender os fios que me ligavam a um aparelho aparentemente antigo. Como se estivesse ligado há anos. Continuei em meu trabalho, procurando uma saída, ou alguma resposta. No momento, eu só queria sair daquele local.
Ouço apenas a porta ranger. E o som de uma voz suave veio logo em seguida, era uma mulher, morena e esguia, não aparentava ser muito jovem, mas seu sorriso e sua tranqüilidade fizeram com que eu acalmasse.
- Pode me dizer, por favor, que caminho eu devo seguir para sair daqui?
- Sinto muito... Você não pode sair daqui.
-POR QUE NÃO?! – arremessei a primeira coisa que eu vi em minha frente, o que fez com que a enfermeira recuasse – EU SÓ QUERO SAIR DAQUI... EU SÓ QUERO VER MINHA MULHER E MEU FILHO!
A enfermeira gemeu baixinho, o que fez com que eu me perguntasse à razão. O que será que ela estava escondendo de mim?
- Sinto muito, mas ela não resistiu... Na verdade, nós achávamos que você não ia resistir. Você já está a algum tempo em coma.
- Quanto tempo?
A enfermeira ficou em silencio por um bom tempo, ela não conseguia dizer sequer uma palavra. Até que, as palavras escorreram em seus lábios, lentamente
- Dez anos...
Eu fiquei em choque, paralisei por um longo tempo... Eu não pude nem me despedir de quem eu amava. Por causa de alguém que eu não sabia quem era que a tirou de mim, no dia mais feliz, e no dia mais infeliz da minha vida. Ela continuou a falar, lentamente.
- Pediram para que eu lhe entregasse isto – ela colocou a mão no bolso e retirou um papel amassado, com um aspecto velho e amarelado. Eu o peguei cuidadosamente, e nele havia uma coisa que me fez sentir orgulho de estar vivo. Eu estava vingado! De agora em diante.

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