quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Antigamente

Quando a lanchonete do tio Rubens foi inaugurada, eu tinha apenas seis anos. Lembro-me muito bem da festança! Eu tinha um sorriso no rosto que dava boas vindas a qualquer um que ousasse cruzar a porta de entrada. A lanchonete estava cheia, adultos ocupados com seus filhos tão alegres quanto eu. Mas um menino me chamou a atenção, pois estava tão triste. Relembro que havia lágrimas em seus olhos enquanto todos os outros davam risada.
 – O que houve com você amigo? – Agora eu estava tão triste quanto ele, podia até sentir a dor que ele estava sentindo.
– Ninguém realmente se importa comigo, minha mãe morreu, meu pai nunca me dá atenção e meus amigos vivem zoando de mim – Eu podia sentir a dor dele, eu sabia o que era ter pais ausentes, ser sozinha. E eu me envolvi com aquele menino tão rápido, que era como se eu, tão pequena daquela forma, pudesse de alguma forma amenizar o sofrimento.
Eu estendi minha mão, e saímos de mãos dadas daquele ambiente, que agora não era tão bom para ele, ou melhor, para nós. Senti-me uma pequena adulta, lidando com sentimentos que estavam além da minha compreensão. Pude ver que ele precisava de uma amiga agora, e eu estava ali para ajudá-lo, mesmo sem conhecê-lo.
Aquele dia havia sido especial para mim, e para ele. Eu ganhei mais que um amigo para o resto da minha vida. Ele ganhou uma amiga, que realmente se importava com ele, que se importava com a felicidade dele.
O tempo passou. O tio Rubens morreu há três anos, mas só hoje que eu tive coragem de abrir a lanchonete novamente. Só hoje tive coragem de sentir o cheiro do passado, e de ver as mesmas imagens que vi quando tinha seis anos. De sentar em uma mesa, e olhar as fotos em que todos os rostos sorriem para mim. E de lembrar o melhor dia da minha vida, De relembrar o dia em que eu e meu marido nós conhecemos, do dia que eu conheci realmente o amor verdadeiro. De lembrar o dia em que nos tornamos inocentes amantes e eternos namorados, jurando um amor que antes nós nunca havíamos conhecido, compartilhando o sofrimento eterno que hoje se tornou a minha eterna alegria e gratidão.
Agradeço ao tio Rubens por ter feito esse dia se realizar. Espero que ele me ouça em qualquer lugar, ou talvez faça com que as estrelas sorriam para mim.

Um comentário:

Projeto Créativité disse...

Ahhh *--* se casaram!
*-* suuuuuper lindo!
Realmente, rs, fiquei até com os olhos aguados..rs
Parabéns ^^